Atrofiado e despreparado: pesquisa da Microsoft mostra efeitos da IA no cérebro humano

Estudo feito por pesquisadores mostra que a dependência da inteligência artificial para a realização das tarefas no trabalho faz com que o pensamento crítico enfraqueça

Vitor Valeri
por | 12/02/2025 às 16:01

Pesquisa colaborativa feita pela Microsoft e pela Universidade Carnegie Mellon publicada recentemente mostra que as pessoas estão utilizando menos o pensamento crítico devido à utilização da inteligência artificial (IA) no trabalho. O estudo foi feito com 319 trabalhadores, que relataram 936 exemplos do uso de IA durante suas atividades laborais através de um questionário.

O artigo chamado “O Impacto da IA Generativa no Pensamento Crítico: Reduções Autorrelatadas no Esforço Cognitivo e Efeitos na Confiança a Partir de uma Pesquisa com Trabalhadores do Conhecimento” levantou questões sobre o impacto da IA nas habilidades e práticas do pensamento crítico no trabalho.

A investigação consistiu em tentar descobrir dois aspectos:

1 – Quando e como os trabalhadores percebem a utilização do pensamento crítico ao utilizar a inteligência artificial
2 – Quando e por que a IA afeta o esforço para realizar a tarefa

Quais foram as descobertas?

Um dos fatores que mais influenciam na percepção do trabalhador sobre o pensamento crítico e o esforço investido nas atividades laborais é a confiança que se tem na IA.

De acordo com os pesquisadores, tanto nos resultados quantitativos quanto qualitativos, é possível se chegar à conclusão de que “uma maior confiança na IA está associada a um pensamento menos crítico, pois as ferramentas de inteligência artificial parecem reduzir o esforço percebido necessário para tarefas que exigem pensamento crítico entre os trabalhadores”.

Geralmente, quanto maior a autoconfiança do trabalhador, maior será o pensamento crítico do trabalhador, segundo os cientistas. A confiança na tarefa influencia significativamente a maneira como a pessoa interage com a IA. Se ela for maior, a pessoa irá ver a inteligência artificial como uma ferramenta de auxílio.

Quando o cenário é o oposto, ou seja, a pessoa não tem autoconfiança e utiliza a IA, a tendência é confiar mais na inteligência artificial. Porém, o ideal é que o indivíduo continue responsável pela tarefa e resultado de suas atividades, utilizando a IA somente como um apoio, personalizando e refinando de forma ativa e crítica o conteúdo gerado.

O estudo apontou ainda que os trabalhadores recorrem ao pensamento crítico para garantir a qualidade do trabalho. Isso pode ser feito, por exemplo, através da verificação dos resultados comparando com fontes externas.

Embora a IA aumente a eficiência dos trabalhadores, a pesquisa aponta que ela também pode acabar inibindo o engajamento crítico nas tarefas levando a longo prazo a uma dependência excessiva das ferramentas de inteligência artificial. Com isso, a capacidade do trabalhador de solucionar problemas de forma independente é reduzida.

Os pesquisadores descobriram que com o tempo, ao utilizar frequentemente as ferramentas de IA, ocorrem as seguintes mudanças nas atividades dos trabalhadores:

• Parada na coleta ativa de informações para apenas verificação de informações fornecidas pela IA
• Solução ativa de problemas para integração das respostas da IA
• Execução de tarefas para gestão e supervisão de tarefas feitas pela IA

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