Hank Azaria argumentou que falta humanidade à inteligência artificial
O dublador americano Hank Azaria, famoso por interpretar mais de cem personagens de Os Simpsons, escreveu para o jornal americano New York Times sobre se a inteligência artificial conseguirá substituir atores e dubladores na interpretação de personagens.
Em um vídeo publicado nesta semana no Instagram jornal americano, Azaria testou o desempenho da IA em imitar alguns de seus personagens mais marcantes dos Simpsons, como Chefe Wiggum, Duffman, Moe Szyslak, Professor Frink e Cobra.
“Se estivéssemos tentando fazer que soasse como um robô, essa seria uma ótima versão”, disse, reagindo à versão da IA do bartender Moe.
Em artigo publicado no New York Times Opinion, Hank Azaria questiona se os personagens podem se tornar vivos sem as pessoas e se a IA pode fazer esse trabalho.
Ele argumenta que por mais que a inteligência artificial tenha muito material para treinar e praticar, falta ela algo principal: a humanidade.
“Mas uma voz não é apenas um som. E gosto de pensar que, por mais que uma versão de IA do Moe, do Snake ou do Chefe Wiggum soe como a minha voz, ainda faltará algo — a humanidade. Há muito de quem eu sou que entra na criação de uma voz. Como o computador poderia capturar tudo isso?”, reflete.
Ele explica que o processo de dublagem não envolve apenas a fala, mas que é necessário incorporar cada personagem de corpo inteiro. “Vejo a IA sendo capaz de imitar apenas a parte “do pescoço para cima”, pelo menos por enquanto. A parte do corpo e da alma será mais difícil”, diz.
“Uma voz gerada por IA sempre terá pequenas imperfeições que fazem você sentir que algo está faltando. Simplesmente não é envolvente nem engraçada — da mesma forma que rostos gerados por IA em vídeos parecem perder elementos essenciais para parecerem críveis e humanos. Microexpressões e gestos, muitas vezes, não saem exatamente certos”, acrescenta.
Ele afirma que tem sim medo de que a IA tome seu emprego, mas acredita que, caso isso ocorra, será em um futuro um pouco mais distante.
“A IA pode produzir o som, mas ainda precisará de pessoas para criar a performance. O computador algum dia entenderá, por si só, o que é emocionante ou engraçado? Agora estamos entrando no campo da ficção científica — porque, para isso, acredito que a IA teria que estar viva”.