Dublador dos Simpsons reage à IA imitando seus personagens: “Sem alma”

Hank Azaria argumentou que falta humanidade à inteligência artificial

Heloísa Vasconcelos
por | 06/02/2025 às 16:15

O dublador americano Hank Azaria, famoso por interpretar mais de cem personagens de Os Simpsons, escreveu para o jornal americano New York Times sobre se a inteligência artificial conseguirá substituir atores e dubladores na interpretação de personagens.

Em um vídeo publicado nesta semana no Instagram jornal americano, Azaria testou o desempenho da IA em imitar alguns de seus personagens mais marcantes dos Simpsons, como Chefe Wiggum, Duffman, Moe Szyslak, Professor Frink e Cobra.

“Se estivéssemos tentando fazer que soasse como um robô, essa seria uma ótima versão”, disse, reagindo à versão da IA do bartender Moe.

IA pode substituir os dubladores?

Em artigo publicado no New York Times Opinion, Hank Azaria questiona se os personagens podem se tornar vivos sem as pessoas e se a IA pode fazer esse trabalho.

Ele argumenta que por mais que a inteligência artificial tenha muito material para treinar e praticar, falta ela algo principal: a humanidade.

“Mas uma voz não é apenas um som. E gosto de pensar que, por mais que uma versão de IA do Moe, do Snake ou do Chefe Wiggum soe como a minha voz, ainda faltará algo — a humanidade. Há muito de quem eu sou que entra na criação de uma voz. Como o computador poderia capturar tudo isso?”, reflete.

Ele explica que o processo de dublagem não envolve apenas a fala, mas que é necessário incorporar cada personagem de corpo inteiro. “Vejo a IA sendo capaz de imitar apenas a parte “do pescoço para cima”, pelo menos por enquanto. A parte do corpo e da alma será mais difícil”, diz.

“Uma voz gerada por IA sempre terá pequenas imperfeições que fazem você sentir que algo está faltando. Simplesmente não é envolvente nem engraçada — da mesma forma que rostos gerados por IA em vídeos parecem perder elementos essenciais para parecerem críveis e humanos. Microexpressões e gestos, muitas vezes, não saem exatamente certos”, acrescenta.

Ele afirma que tem sim medo de que a IA tome seu emprego, mas acredita que, caso isso ocorra, será em um futuro um pouco mais distante.

“A IA pode produzir o som, mas ainda precisará de pessoas para criar a performance. O computador algum dia entenderá, por si só, o que é emocionante ou engraçado? Agora estamos entrando no campo da ficção científica — porque, para isso, acredito que a IA teria que estar viva”.

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