IA analisa expressões de animais para detectar dor, estresse e outras emoções

Pesquisadores utilizam IA para analisar aspectos faciais de animais em busca de decifrar as emoções que estão sentindo

Vitor Valeri
por | Atualizado em 25/02/2025 às 17:09

Um sistema criado por pesquisadores University of the West of England Bristol (UWE) e do Scotland’s Rural College (SRUC) está utilizando inteligência artificial (IA) para decifrar as emoções de animais.

O Intellipig analisa focinho, orelhas, olhos e outros traços faciais de porcos para dizer se o animal está com alguma dor, doente ou emocionalmente angustiado. O sistema também consegue detectar, com base nas expressões, qual é a refeição ideal para o animal.

O estudo foi divulgado em um artigo da revista acadêmica Science publicado na segunda semana de fevereiro, que fala sobre a evolução que na área da leitura computadorizada do rosto de porcos e outros animais.

Foto mostrando o funcionamento da ferramenta de inteligência artificial Intellipig, criada para fazer a leitura das expressões faciais de porcos.
Sistema de inteligência artificial (IA) Intellipig em ação (Imagem: Reprodução/Science)

O engenheiro de visão computacional da UWE e líder do projeto Intellipig, Melvyn Smith, diz que as ferramentas de IA que leem expressões de animais podem inaugurar uma nova era no cuidado com eles.

Ele acredita que eventualmente, a inteligência artificial poderá superar os humanos na interpretação de uma variedade de emoções mais complexas como felicidade, serenidade, frustração ou medo.

IA e as emoções de animais

Após diversos estudos, pesquisadores do comportamento animal acabaram desenvolvendo uma espécie de “escala de caretas” para diversas espécies, onde é possível advinhar quando há dor ou estresse com base no movimento dos músculos faciais.

Com o tempo, os cientistas da área ficam mais eficientes para notar os movimentos do rosto e saber se um animal está bem ou não. Entretanto, enquanto um humano leva em média 100 segundos para identificar os músculos faciais e decifrar suas posições a IA faz isso de forma instantânea.

Para estudar o estresse em porcos jovens, a cientista comportamental do SRUC que participa do projeto, Emma Baxter relata que colocou porcas mais velhas junto com as novas, onde houve comportamento de demonstração de dominância por parte dos animais de idade mais elevada.

Com isso, notou-se traços de ansiedade, vocalizações específicas, defecação e aumento de cortisol, hormônio do estresse.

Baxter, se preocupa com a confiança excessiva na IA para perceber emoções de animais.

“Talvez uma máquina acabe sendo melhor do que nós; não sei. Espero que ainda haja espaço para especialistas, para garantir que [a IA] esteja realmente fazendo o que diz estar fazendo”, disse à Science.

Emoções além do rosto

O especialista em comunicação animal da University of Copenhagen, Elodie Briefer, diz que as expressões faciais dos animais não contam toda a história. Briefer está desenvolvendo uma IA para interpretar as emoções de zebras e porcos.

Para investigar as emoções dos animais, o sistema criado pelo engenheiro agrícola da Dalhousie University, Suresh Neethirajan, não só avalia o rosto, mas também fatores como o abanar de uma cauda ou uma postura encurvada.

O sistema criado por ele analisa até mesmo as emissões de calor corporal — uma pista importante para galinhas e outras espécies que têm expressões faciais limitadas.

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